A Meta disse na segunda-feira à noite (16 de setembro) que está banindo veículos de comunicação estatais russos de seus aplicativos ao redor do mundo devido a “atividade de interferência estrangeira”.
A proibição ocorre depois que os Estados Unidos acusaram a RT e funcionários do veículo estatal de desviar US$ 10 milhões por meio de entidades de fachada para financiar secretamente campanhas de influência em canais de mídia social, incluindo TikTok, Instagram, X e YouTube, de acordo com uma acusação não sigilosa.
“Após cuidadosa consideração, expandimos nossa aplicação contínua contra veículos de comunicação estatais russos”, disse Meta em resposta a uma investigação da AFP.
“Rossiya Segodnya, RT e outras entidades relacionadas agora estão banidas de nossos aplicativos globalmente por atividade de interferência estrangeira”, disse Meta, cujos aplicativos incluem Facebook, Instagram, WhatsApp e Threads.
A RT foi forçada a cessar as operações formais na Grã-Bretanha, Canadá, União Europeia e Estados Unidos devido às sanções depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, de acordo com a acusação revelada em Nova York.
Os promotores dos EUA citaram um editor-chefe da RT dizendo que isso criou um “império inteiro de projetos secretos” projetados para moldar a opinião pública em “audiências ocidentais”.
Apoio de conteúdo secreto
Um dos projetos secretos envolvia financiamento e direção de uma empresa de criação de conteúdo online no Tennessee, de acordo com a acusação.
Desde o seu lançamento no final de 2023, a operação de criação de conteúdo dos EUA apoiada pela Rússia postou quase 2.000 vídeos que registraram mais de 16 milhões de visualizações somente no YouTube, de acordo com a acusação.
Os promotores citaram um produtor de conteúdo que se queixou de ter sido pressionado pela empresa a postar um vídeo no início deste ano de um “conhecido comentarista político dos EUA visitando um supermercado na Rússia”, reclamando que parecia “propaganda aberta”, mas concordando em publicar o vídeo.
A empresa nunca revelou aos espectadores que foi financiada pela RT, disseram promotores dos EUA.
“A RT tem realizado campanhas de influência maligna em países que se opõem às suas políticas, incluindo os Estados Unidos, em um esforço para semear divisões domésticas e, assim, enfraquecer a oposição aos objetivos do Governo da Rússia”, argumentaram os promotores na acusação.
Proxies e mercenários
A Rússia é a maior fonte de operações secretas de influência interrompidas pelo Meta em sua plataforma desde 2017, e tais esforços de influência enganosa online aumentaram após a invasão da Ucrânia pela Rússia, de acordo com relatórios de ameaças divulgados rotineiramente pela gigante da mídia social.
A Meta já havia banido a Agência Federal de Notícias na Rússia para impedir atividades de interferência estrangeira da Agência Russa de Pesquisa na Internet.
As capacidades de RT foram expandidas no início do ano passado, com o governo russo aprimorando-as com “capacidades operacionais cibernéticas e vínculos com a inteligência russa”, disse o Departamento de Estado dos EUA em um comunicado recente.
As capacidades cibernéticas estavam focadas principalmente em operações de influência e inteligência ao redor do mundo, de acordo com o Departamento de Estado.
As informações coletadas por operações secretas de RT fluem para os serviços de inteligência russos, veículos de comunicação russos, grupos mercenários russos e outros “braços proxy” do governo russo, sustentaram os Estados Unidos.
O Departamento de Estado disse que estava envolvido em esforços diplomáticos para informar governos ao redor do mundo sobre o uso de RT pela Rússia para conduzir atividades secretas e incentivá-los a tomar medidas para limitar “a capacidade da Rússia de interferir em eleições estrangeiras e obter armas para sua guerra contra a Ucrânia”.
Leia mais com Euractiv
