Um agente aposentado da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo atirou contra três jovens que conversavam em frente a um condomínio residencial na noite da última segunda-feira (22) no bairro Cidade Dutra, zona sul da capital paulista. Ele afirmou ter pensado que os rapazes seriam assaltantes.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, após o ocorrido, o ex-agente, que não teve o nome divulgado, compareceu a uma delegacia e alegou que os rapazes, que estavam em duas motos, teriam tentado abordar um veículo anunciando roubo.
Veja vídeos da ocorrência:
Eois dos jovens foram baleados pelo agente. Um deles segue em estado grave. O terceiro rapaz não foi atingido.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que o caso é investigado como tentativa de homicídio e denunciação caluniosa.
O que mostram as câmeras
Imagens de câmeras de segurança mostram dois motociclistas, de capacete, conversando com um outro jovem na frente do conjunto habitacional.
Mais à frente do local, um veículo, passa pelo grupo e estaciona com o pisca-alerta ligado em frente a um posto de gasolina. Poucos segundos depois, um homem desce do automóvel, atravessa a rua e vai em direção aos rapazes na calçada. Ele, então, começa a disparar contra eles.
Ao ouvir os disparos, os homens que estavam na rua correm e tentam se proteger. Um deles acelera com a moto, mas logo à frente cai após ser atingido pelos tiros. Um outro rapaz cai do outro lado da rua, baleado. Apenas um deles consegue escapar dos disparos.
O atirador retorna ao carro dele e foge do local. Enquanto isso, o rapaz que não foi atingido pelos tiros corre em direção aos baleados e tenta ajudá-los.
“Estávamos conversando”, diz um dos jovens
Jonathan Carlos de Sousa, 30 anos, é o rapaz que estava com o grupo e não foi baleado.
Em entrevista à CNNrelatou que ele e o irmão, Jonas de Sousa, de 29 anos, conhecido como MC Joninhas, moram no condomínio em frente ao local da ocorrência. Ele disse que os dois estavam conversando com um amigo, chamado Anderson, após um jogo de futebol.
“Eu desci do prédio por volta das 20h55 para encontrar meu irmão e o Anderson no portão, que voltavam de uma partida de futebol. Eu estava esperando eles. Nos encontramos em frente ao portão elétrico do condomínio. Estávamos conversando. Eu iria pegar a moto do meu irmão para ir para a academia e ele entraria para o prédio. O Anderson iria embora em seguida. Não demorou nem cinco minutos e escutamos o barulho de tiros”, relata Jônatas.
Segundo ele, os disparos surgiram do lado esquerdo de onde estavam. Assustados com o primeiro tiro, eles então correram tentando sair do local e não teriam escutado ninguém se aproximando.
Após os tiros, eles tentaram se proteger. “O Anderson tentou sair com a moto, meu irmão correu para o outro lado da rua e eu corri também. Os tiros acertaram o Anderson e meu irmão.”
De acordo com a vítima, Anderson levou quatro tiros: na barriga, região do tórax, ombro e em um dos pés. Já MC Joninhas foi atingido por um disparo na perna direita.
Segundo Jônataso GCM aposentado mora no mesmo condomínio que eles e inclusive conhece as famílias das vítimas. O homem não teria reconhecido os rapazes, já que estavam de capacete.
Guarda-civil disse que ouviu a palavra “assalto”
Após o ocorrido, o agente aposentado compareceu a uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência. Ele teria alegado às autoridades que escutou a palavra “assalto” e, por isso, atirado contra o trio acreditando se tratar de criminosos.
“Ele alegou que foi suspeita de assalto, que escutou ‘assalto’. Acho que ele não viu que éramos nós. Por ele ser treinado, ele chegou muito perto para ter atirado. Ele teria que ter analisado, porque tinha muita gente no local. Não tem como entender o motivo dele ter atirado”, alega Jônatas.
Após os disparos, Anderson foi levado de carro para um hospital e Jonas foi de ambulância para o pronto-socorro do Grajaú.
De acordo com Jonathan, Jonas passou por uma cirurgia no joelho. Já Anderson chegou a ser entubado e, segundo o amigo, permanece internado em estado grave.
* Sob supervisão
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