Como se preparar para um modalidade nova? E como fazer isso no ciclo olímpico quando você também compete em outras provas do mesmo esporte? Pepê Gonçalves viveu isso na preparação para Paris 2024 e contou à CNN Brasil como fez para se preparar, ao mesmo tempo, para as categorias C1 (canoa individual) e K1 (caiaque individual) da canoagem slalom e também para o caiaque cross, ou extremo, modalidade estreante nesta Olimpíada.
Pepê inicia neste sábado (27) sua terceira participação em Jogos Olímpicos, depois de participar da Rio 2016 e de Tóquio 2020. Apesar de estar classificado para a prova C1 (canoa), suas especialidades são o K1 (caiaque) e o cross (caiaque cross).
A decisão de participar também da C1 partiu de uma estratégia para conhecer melhor a pista olímpica do complexo Vaires-sur-Marne Water Sports Stadium, já que a prova classificatória dessa categoria acontece neste sábado (27) antes das outras.
Em entrevista à CNN, Pepê revelou que não divide os treinos meio a meio, dedicando mais tempo ao K1 do que ao cross.
“O slalom demanda mais da parte técnica. E você treinando o slalom, você está treinando um pouco também a parte física do cross, do extremo. E depois a gente treina um pouco mais a parte específica, que é a parte de baliza, a parte de manobra, a parte de descer a rampa, isso é um pouco mais específico do caiaque extremo”, explicou.
O caiaque cross é uma modalidade recente e é considerada mais perigosa do que as outras. A prova não é nova apenas no programa olímpico, mas também no programa das Copas do Mundo, já que foi adicionada apenas em 2016. Pepê Gonçalves é um dos pioneiros da modalidade que tem como inspiração a descida de cachoeiras e rios.
O extremo é muito novo. E eu fui um dos primeiros atletas do mundo a acreditar nesse esporte. Era difícil, porque é um barco mais pesado, é outro remo, são outros equipamentos, é uma prova que demanda muito mentalmente e fisicamente. O extremo nasceu do caiaque extremo, que é descer cachoeira, que é descer rios, e isso está enraizado em mim, eu gosto muito.
Pepê Gonçalves, canoísta
“Eu faço expedições nos meus momentos de folga, gosto de estar na natureza selvagem, descendo cachoeiras e corredeiras mais fortes, e foi por isso que eu me identifiquei tanto com o caiaque cross”, disse o atleta brasileiro que está entre os mais cotados para subir ao pódio da nova modalidade em Paris.
Perigo nos treinos
O outro motivo para que os treinos da canoagem slalom não tenham uma divisão meio a meio é o perigo da prática do cross.
“Porque o barco é muito mais pesado, é um contato ali treinando com outros atletas ao mesmo tempo, então tem sempre esse receio de se machucar. É muito delicado, porque uma competição de caiaque extremo pode machucar, um barco na costela pode quebrar uma costela, no rosto, no dedo, então é a parte extrema do esporte mesmo”, explicou Pepê Gonçalves.
O brasileiro acredita que, com o passar do tempo, a modalidade terá ajustes, já que o conhecimento sobre a prática também vai ser maior.
“A cada ano que passa, assim como os outros esportes que entraram no cronograma olímpico, a gente está entendendo um pouco melhor como é o treinamento, os riscos. A gente está aprendendo ainda com a modalidade. É uma modalidade nova, então a cada treino, a cada prova, a gente descobre um pouquinho que vai somando e somando”, concluiu.
Canoagem slalom em Paris
A disputa da canoagem slalom nos Jogos Olímpicos de Paris começa neste sábado (27), com o início da fase classificatória da categoria C1 (canoa) masculino e feminino. Mas a semifinal e final do masculino acontece na segunda-feira (29), enquanto a do feminino será só na quarta-feira (31).
As provas da K1 (caiaque) feminino também começam neste sábado (27), com semifinal e final no já no domingo (28). Enquanto o K1 masculino será disputado na terça-feira (30), com o classificatório, e na quinta-feira (1º) com semifinal e final.
As disputas de caiaque cross, tanto no feminino, quanto no masculino, começam no dia 2 e terminam no dia 5 de agosto.
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