As coisas pareciam estar indo muito bem para Vladimir Putin — em casa e no campo de batalha.
Agora, a Rússia é o campo de batalha, depois que o impressionante ataque da Ucrânia através da fronteira virou o jogo contra a guerra de Putin e deixou seu exército lutando para retomar seu próprio território.
É uma reviravolta notável nos acontecimentos depois de um ano em que as coisas correram em grande parte a favor de Putin, desde o motim de curta duração que ele reprimiu até à sua economia resiliente e meses de ganhos expressivos nas linhas de frente.
O líder russo parecia quase irado ao prometer “expulsar o inimigo” do território de seu país em uma reunião de crise com altos funcionários Segunda-feira, alertando que Kiev receberá uma resposta “digna” à sua ofensiva de Kursk.
A Rússia continua unida, ele disse. As tropas do país, ele se gabou, até aceleraram seu avanço no leste da Ucrânia. E aqueles forçados a evacuar suas casas nas regiões de fronteira da Rússia serão bem cuidados.
No entanto, o quadro otimista que Putin tentava pintar não conseguiu disfarçar a realidade: o líder russo agora enfrenta um dos momentos mais prejudiciais de seu longo mandato, com o Kremlin sofrendo com a invasão da Rússia por uma potência estrangeira pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
“Ele está chateado que algo assim possa ter acontecido”, disse Callum Fraser, pesquisador em segurança russa e eurasiana no Royal United Services Institute, ou RUSI, um think tank sediado em Londres. “Uma das justificativas que ele usa rotineiramente para a invasão da Ucrânia é a segurança do estado russo. O fato de a Ucrânia ter lançado essa incursão em território russo, eu acho, é absolutamente humilhante para ele”, disse Fraser à NBC News.
O rival de Putin em Kiev fez sua própria avaliação provocativa, destacando o simbolismo da região agora no centro da guerra.
“Vinte e quatro anos atrás, ocorreu o desastre de Kursk — o início simbólico de seu governo”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy em mensagem de vídeo do Instagram segunda-feirareferindo-se ao naufrágio do submarino russo Kursk em 12 de agosto de 2000, um acidente que Putin foi criticado por seu tratamento imparcial da crise. “E agora está claro qual é o fim para ele. E para Kursk também. O desastre de sua guerra.”
