A campeã olímpica brasileira Andrade inspira meninas na academia de sua cidade natal, onde sua carreira começou

A campeã olímpica brasileira Andrade inspira meninas na academia de sua cidade natal, onde sua carreira começou

Mundo

Enquanto praticava seus movimentos complexos e cambalhotas, a aspirante a ginasta Manuela Kriegel, de 14 anos, ficava olhando para uma das paredes do ginásio Bonifácio Cardoso, nos arredores da metrópole brasileira de São Paulo.

Apresentava uma pintura de uma heroína nacional — a campeã olímpica e favorita da cidade natal, Rebeca Andrade — com duas medalhas, uma de ouro e uma de prata, que Andrade ganhou nos Jogos de Tóquio, três anos atrás.

Publicidade

“Isso está ultrapassado agora”, disse Kriegel à Associated Press na terça-feira, depois de terminar suas rotinas de aquecimento.

Desatualizado mesmo. Andrade, de 25 anos, ganhou mais quatro medalhas no Olimpíadas de ParisIncluindo ouro no exercício de solo com uma vitória apertada sobre a estrela ginasta americana Simone Biles. A nativa de Guarulhos se tornou a atleta olímpica mais condecorada da história da nação sul-americana, com seis medalhas.

Dezenas de meninas fizeram fila com seus pais nas primeiras horas de terça-feira no ginásio público onde Andrade começou sua carreira há 15 anos. Algumas dessas atletas esperançosas em Guarulhos treinam lá todos os dias.

O início da vida de Andrade em Guarulhos inspirou moradores locais que copiam seus movimentos audaciosos e também aqueles que amam sua resiliência — ela costumava caminhar cerca de uma hora para chegar à academia e passou por três cirurgias de ligamento cruzado anterior em sua carreira.

Andrade deixou Guarulhos para jogar na seleção brasileira em 2010, mudou-se para o Rio de Janeiro logo depois e então começou sua ascensão no esporte.

Rebeca Andrade compete na final do solo de ginástica artística na segunda-feira.Jamie Squire / Getty Images

Kriegel, que começou a praticar o esporte em 2019, quis desistir durante a pandemia. Mas então as performances de Andrade em Tóquio — uma medalha de ouro no salto e uma prata no geral — mudaram sua mente e a convenceram de que as ginastas brasileiras podem vencer nas Olimpíadas. Ela está ainda mais convencida agora, depois de sua compatriota venceu Biles no exercício de solo.

“É o que Rebeca diz. Temos que confiar no trabalho que fazemos aqui todos os dias, acertar nosso treinamento e ficar confiantes no que fazemos quando o fazemos”, disse Kriegel, enquanto 10 crianças entre 5 e 10 anos entravam na academia para um teste. “Antes dela não era possível. E agora está muito além do que esperávamos.”

Publicidade

Mônica dos Anjos, professora de ginástica do Bonifácio Cardoso e árbitra em competições oficiais, foi uma das primeiras a ver Andrade em ação — quando Andrade tinha 5 anos. Ela disse que não demorou muito para que todos os funcionários tivessem certeza de que ela se tornaria uma estrela.

“Eu vi uma garotinha com esse biótipo. Forte, explosiva, só brincando”, disse Dos Anjos. “Muitas meninas começaram a vir em 2021 por causa da Rebeca. Agora elas sabem que é possível. A Rebeca estava aqui, ela saltou o mesmo salto, se apresentou no mesmo andar. Nem todas vão conseguir, mas só sonhar e se esforçar vai abrir muitas portas para elas no futuro.”

Kelly Mendes levou sua filha Lara Vicente para a academia há cinco anos, quando Lara tinha apenas 7 anos. Não havia Andrade para inspirá-las naquela época, mas o Brasil já estava se apaixonando pela ginástica. Agora, essa paixão deve crescer ainda mais, ela acredita.

“Este lugar é ótimo para treinar. Não podemos dizer uma palavra (ruim) sobre seus treinadores.” Mendes disse terça-feira. “Guarulhos poderia ter outra Rebeca.”

Para mais informações da NBC Latino, inscreva-se para receber nossa newsletter semanal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *